segunda-feira, 9 de junho de 2008

Se tirares o chapéu és careca

Quis andar no baloiço. Fui empurrá-la (desta vez fui eu o requisitado). Não dispensou a companhia da sua boneca inseparável, a Matilde. Estava com uma bandelete a segurar-lhe o cabelo. A certa altura, meti-me com ela:
- Deixa-me pôr um bocadinho a tua bandelete.
Resposta pronta:
- Tu não precisas, és careca.
- Sou careca? Olha tanto cabelo.
E mexi no cabelo que se via abaixo do chapéu, na nuca, nas patilhas.
E logo ela, outra vez:
- Mas se tirares o chapéu és careca.

domingo, 8 de junho de 2008

A bandelete

Veio ter comigo. Camisola sem mangas, calções de praia, toda fresca na sua cara tão fresca. Parou diante de mim num sorriso rasgado e ficou assim, à espera que eu visse. Mas o avô não via nada, só o sol do sorriso. Por isso perguntou:
- O que é?
E foi ela que teve de dizer, apontando a bandelete que trazia no cabelo:
- A bandelete.
E girou, num trejeito muito feminino, antes de se afastar na sua deliciosa vaidade inocente.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Tu já és velho

Esta noite a Carolina dormiu cá. De manhã, já depois de todos arranjados, para tentar que ela se despachasse
(arranja sempre pretextos para demorar mais um bocadinho
- Quero água
- Quero bolachas
- Quero andar no baloiço)
disse-lhe:
- Vá, vamos embora. A avó tem de ir trabalhar, tu também tens de ir trabalhar(quando lhe dizemos
- A tua escolinha
ela logo
- Não é a minha escolinha, é o meu trabalho)
e o avô também tem de ir trabalhar.
- Tu já és velho, já não trabalhas. Ficas em casa.
Restou-me dar uma boa gargalhada.