sábado, 12 de abril de 2008

Um dia vou ser grande

- Quero água.
Dei-lhe um pouco num copo. Estava a beber, quando, a meio, comentou:
- É preciso beber água para o chichi sair claro.
A avó dissera-lhe isso pouco antes. E eu:
- Pois é, é preciso beber bastante água. Ou sumo.
- Ou vinho - acrescentou ela.
- Vinho não. O vinho é só para as pessoas grandes e poucochinho.
A réplica veio logo:
- Um dia vou ser grande e vou beber vinho.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Deixa lá, vais comigo

A caminho da escolinha, avistámos de longe a Feira de Março. E logo a Carolina:
- Olha, avó, a Feira de Março!
- Eu, este ano, ainda não fui à Feira de Março - comentou a avó São.
Talvez a pequenina tenha pressentido nisto alguma mágoa.
- Deixa lá, vais comigo - consolou ela.

Que linda que ela está!

Esta noite, a Carolina dormiu em nossa casa. A Catarina voltou para a Madeira e o Rui foi levá-la ao aeroporto. Hoje de manhã, antes de sairmos de casa, a avó São deu à pequenina uma pulseira e uma bandelete, que ela fez questão de começar a usar de imediato.
- Que linda que ela está! - gabou o avô. - As mulheres são muito vaidosas, não são?
Resposta da pequenina:
- Sim.

sábado, 5 de abril de 2008

Fotograia com o avô

O dia dos teus anos já lá vai. Dos teus três anos. Não faço a menor ideia de mim aos três anos. Nem sequer a memória me guarda qualquer registo, qualquer vestígio. Portanto acho que nunca tive três anos. Tu sim, tens três anos e hei-de recordar-te com três anos enquanto não avariar de todo. E com quatro, e com cinco.
Agora estou aqui no escritório a pensar nestas coisas, e vejo-te numa fotografia que tenho diante de mim, tu pequenina (dez meses, um ano?), ao meu colo, encostada ao meu peito, ao meu peito não, encostada ao meu coração, a enchê-lo de uma ternura que o meu sorriso mal deixa pressentir.
Tudo em ti tão novo, a vida, o mundo (a vida que estás a começar, o mundo que hás-de descobrir), tudo tão cheio de inocência e de mistério e de esperança, tudo tão cheio de ti, meu amor pequenino.