domingo, 23 de março de 2008

Gostas do avô, pois gostas?

Por volta dos teus dois anos comecei a ser para ti um avô com nome.
- Quem sou eu?
- Avô Jogi.
Não apenas um rosto conhecido, um rosto com nome
- Avô Jogi
e o avô Jogi babado de ternura.
- E quem é esta?
e tu sem hesitar
- Avó São
estendendo os braços para a avó São num pedido irrecusável de colo, de ternura, sempre a avó São, a avó São para tudo
- Diz, minha linda.
Um pouco mais tarde, a árdua conquista das palavras e a descoberta do mundo das emoções foi-te permitindo outras graças.
- A avó?
- Foi lá fora. Não estás aqui bem com o avô?
e tu a dares uma resposta sem responderes
- A avó?
eu a fingir-me agastado, a provocar-te
- Gostas do avô, pois gostas?
e tu a devolveres-me a provocação
- Não
a minha cara numa indignação sorridente
- O quê?
enquanto os meus dedos, verrumando-te a barriguita, te fazem contorcer com cócegas, soltar grandes risadas cristalinas, repetindo a provocação
- Não
à espera de mais cócegas do avô Jogi.

Sem comentários: