domingo, 7 de outubro de 2007

Catatim, catatão

As tuas mãozitas agarrando as cordas do baloiço, dizendo estou pronta, tu já impaciente com a demora, vê-se na tua cara que os adultos são uns atados, demoram eternidades a fazer o que queremos, complicam tudo
- Com muita força, avô
o baloiço enfim a subir, ainda devagar, tão devagar, avô
- Mais força
aí vens tu agora rasgando o ar
- Mais força, avô
os pés lançados para a frente como uma proa cortando a água, o teu sorriso a ir e a vir, a ir e a vir, a ir e a vir, numa cadência ritmada que procuro sublinhar com esta cantilena que fiz para ti, que começo por entoar sozinho sem que prestes atenção
(sem que pareças prestar atenção)
uma vez, outra vez, e de repente dou contigo a dizer a cantilena a meias comigo (pensavas que eu não estava a ouvir, avô?)
- catatim, catatão, o gato
e tu
- e o cão
- catatim, catatua, o sol
e tu de novo
- e a lua.
Catatim, catatão

o gato e o cão
catatim, catatua
o Sol e a Lua.

O Sol e a Lua
catatim, catatua
o gato e o cão
catatim, catatão.

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